Mulheres ainda enfrentam barreiras para ascender no serviço público
- GestRio

- 20 de abr. de 2023
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Apesar de representarem quase 60% do funcionalismo público brasileiro, as mulheres ainda ocupam uma fatia muito pequena dos cargos de liderança na administração pública. O dado, levantado por um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), revela que apenas 18,6% dos postos de alta gestão no país são ocupados por mulheres — uma desigualdade que escancara o chamado "teto de vidro" no setor público.
A reportagem publicada pela Revista Pesquisa FAPESP (março/2023) aprofunda essa discussão e mostra como as barreiras à ascensão feminina vão além dos números. Em muitos casos, o problema não está apenas na entrada, mas nas estruturas que dificultam o avanço de carreira, especialmente para mulheres negras e mães.
O que os dados revelam
Segundo o BID, em 2022, as mulheres ocupavam:
19,3% dos cargos de diretoria (nível 4);
22,1% dos cargos de subsecretaria (nível 3);
Apenas 9,1% das posições de secretarias (nível 2).
Esses índices colocam o Brasil atrás de países como Argentina (40,7%), Colômbia (47,1%) e Costa Rica (53,5%) — que se aproximam da paridade de gênero nas posições de liderança pública.
Barreiras visíveis e invisíveis
Além do teto de vidro, pesquisadores citam a existência de um verdadeiro "labirinto de cristal": uma série de obstáculos menos evidentes, mas igualmente limitadores. Isso inclui desde a dupla jornada de trabalho (profissional e doméstica), até o preconceito estrutural e a violência simbólica que muitas mulheres enfrentam ao tentar ocupar espaços de poder.
Outro ponto levantado é a falta de processos seletivos transparentes para cargos comissionados, o que dificulta a profissionalização da alta administração e perpetua desigualdades de gênero e raça.
A importância da representatividade
O conceito de "burocracia representativa" reforça que é essencial que o perfil dos servidores públicos reflita a diversidade da população. A presença de mulheres em cargos de liderança não é apenas uma questão de justiça social, mas também de melhoria na formulação e entrega de políticas públicas mais sensíveis e eficazes.
Um exemplo simbólico citado na matéria foi a nomeação de Luciana Servo como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) — a primeira mulher negra a ocupar o cargo, após resistência inicial à indicação de mulheres negras para postos de direção.
Caminhos possíveis
Superar essas barreiras exige compromisso institucional. Políticas de equidade de gênero, programas de formação de lideranças femininas, transparência na nomeação de cargos e o combate à cultura organizacional excludente são alguns dos caminhos apontados por especialistas.
Enquanto isso, a desigualdade de gênero no serviço público segue sendo um tema urgente. Afinal, não basta abrir as portas: é preciso garantir caminhos seguros, justos e acessíveis para que todas as mulheres possam chegar onde quiserem.
Para ler a matéria completa da Revista Pesquisa FAPESP, acesse: https://revistapesquisa.fapesp.br/mulheres-enfrentam-barreiras-para-a-ascensao-no-servico-publico-brasileiro















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